Série: Murderbot (Apple TV+) | Episódios 8, 9 e 10

Olá, antes de mais nada, tem resenha dos episódios anteriores, basta clicar nestes links.


Resenha

Chegamos ao fim da primeira temporada e Murderbot oferece um desfecho preciso, contido e profundamente emocional.  A série reafirma sua proposta de maneira simples, sem exageros ou sentimentalismo: examinar as tensões entre autonomia e obediência, identidade e função, vínculo e aversão — tudo sob o olhar sarcástico de uma IA que apenas desejava tranquilidade para assistir às suas novelas espaciais.

Nestes episódios, Murderbot enfrenta uma escolha crucial: acompanhar os humanos que o respeitaram ou escapar para assegurar sua liberdade.  A série aborda o dilema de forma sutil, evitando soluções simplistas.  Há um ataque orquestrado pela corporação, expondo a verdadeira extensão do sistema opressor — e Murderbot é compelido a agir com brutalidade, porém também com consciência.
 
Com o grupo machucado e afastado, Murderbot tem que enfrentar a pressão psicológica da responsabilidade.  Não se trata apenas de proteger os humanos, mas do que fazer com o seu reconhecimento.
 
 A conexão com a Dra.  Mensah chega ao auge: ela o trata como "pessoa", e o desconforto de Murderbot é tão profundo quanto em qualquer confronto físico.  Skarsgård comanda a cena apenas com olhares, hesitações e uma voz que vibra sem jamais aumentar o tom. O episódio conclui com uma transmissão interceptada: a corporação conhece a localização deles.  O prazo expirou.

O episódio final é, simultaneamente, contido e catártico.  Há ação — um ataque final tenso e cuidadosamente coreografado — porém o verdadeiro clímax é de natureza emocional.  Murderbot decide se entregar para proteger os outros, porém o grupo se recusa a abandoná-lo.  A tensão da narrativa é resolvida por meio de um gesto simples: a confiança.
 
 Ao invés de um sacrifício dramático, há uma solução ética: Mensah aceita os riscos políticos, enquanto Murderbot é reconhecido em sua autonomia como um acordo, e não como uma exceção.

Murderbot fecha sua primeira temporada com excelência narrativa, coerência visual e uma rara profundidade emocional. Não é uma série sobre explosões ou viradas mirabolantes, mas sobre o silêncio entre ordens e escolhas. O humor continua afiado, e a crítica ao controle corporativo nunca soa panfletária.

Comentários