Floresta dos Medos é uma graphic novel que transita pelo terreno fértil entre o conto de fadas sombrio e o horror psicológico. A autora canadense Emily Carroll cria uma obra que não só resgata, mas também reinventa a tradição oral de contos de terror, harmonizando uma narrativa simples com uma sofisticação estética rara nos quadrinhos atuais.
A HQ compila cinco contos independentes, ligados mais por uma atmosfera de estranhamento e inquietude do que por conexões diretas. Em todas as histórias, a floresta, seja de forma física ou simbólica, funciona como um espaço de transição entre o real e o inominável, representando um arquétipo do desconhecido, da transformação e do medo primordial.
O destaque vai para a linguagem visual de Carroll: a artista mescla um estilo minimalista com recursos expressivos marcantes, utilizando-se de forma audaciosa da cor (sobretudo o vermelho) e do contraste para insinuar em vez de exibir. Embora os personagens possuam características simples, quase infantis, os enquadramentos e a narrativa gráfica criam uma atmosfera opressiva de angústia. Existem silêncios que gritam, sombras que consomem e um uso do espaço em branco que sugere em vez de ser explícito.
Floresta dos Medos é uma obra que provoca mais medo pelo que omite do que pelo que revela. Trata-se de uma história em quadrinhos que deve ser lida com tranquilidade, assimilada como um pesadelo do qual não se desperta imediatamente. Esta HQ é uma jóia sombria, delicada e devastadora para leitores que procuram um terror mais simbólico, psicológico e poético.
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