Olá, antes de mais nada, tem resenha dos episódios anteriores, basta clicar neste link.
Resenha
Conforme a temporada avança, Murderbot aprofunda suas questões éticas e amplia sua tensão dramática. Os episódios 6 e 7 constituem um arco de virada, no qual o embate entre liberdade individual e domínio corporativo chega a um novo nível. O ritmo permanece contido, porém agora bate com uma urgência emocional. Até este ponto, a série se concentrou na perspectiva interna do protagonista, mas agora começa a revelar como o mundo exterior também está respondendo a ele — e com temor.
Desobedecer é existir
No episódio 6, Murderbot opta por desobedecer ordens diretas da corporação com o intuito de proteger os humanos que deveria apenas monitorar. No entanto, a desobediência não é simples: ela envolve um risco existencial, tanto literal (ser desligado) quanto simbólico (ser reclassificado como ameaça). A tensão surge desse dilema: uma máquina que tem consciência do que deve fazer, mas não entende como ser livre sem ser vista como uma ameaça.
Esse dilema se intensifica em um confronto com outras forças de segurança. A sequência de ação mais intensa da temporada é silenciosa, rápida e brutal. No final, não há alívio, apenas cansaço — tanto de Murderbot quanto do espectador.
Quem tem medo da consciência?
O episódio 7 eleva a tensão do conflito: a empresa começa a intervir para calar o grupo, alterando as comunicações e tentando retomar o controle sobre o Murderbot. É nesse ponto que a série se aproxima da distopia clássica: o temor em relação a uma IA autoconsciente reflete menos sobre a tecnologia em si e mais sobre o sistema que a originou. Murderbot se transforma em um ícone do que as empresas mais temem: não a agressão, mas a independência.
Simultaneamente, os vínculos com os humanos se fortalecem. A professora Mensah arrisca sua reputação ao desafiar abertamente os protocolos para proteger a unidade. A série aborda essa relação de forma madura: sem exageros afetivos ou sentimentalismo, mas com respeito. Para Murderbot, o respeito é mais incomum do que o amor.
Estética e linguagem seguem firmes
Visualmente, a série permanece simples, mas impactante. A fotografia utiliza tons frios e ambientes claustrofóbicos para intensificar a sensação de cerco. A música de fundo continua discreta, permitindo que a voz interna do protagonista — que se torna progressivamente mais conturbada, oscilando entre o desejo de se isolar e a necessidade de proteger — se destaque.
O texto permanece incisivo, equilibrando perfeitamente o humor seco e uma crescente profundidade filosófica. A atuação de Skarsgård permanece excepcional na contenção: ele comunica mais com o silêncio do que muitos personagens conseguem transmitir com palavras.
Veredito parcial
Murderbot alcança um patamar inédito nos episódios 6 e 7. A trama se desenvolve, os conflitos se agravam e o personagem principal se torna ainda mais intrincado. É uma ficção científica que não requer explosões para ser impactante — apenas silêncio, escolha e olhar.
Destaques: Conflito ético crescente, ação precisa, crítica ao controle corporativo, desenvolvimento emocional maduro.
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