Série: Murderbot (Apple TV+) | Episódios 3 e 4

Olá, antes de mais nada, tem resenha dos episódios anteriores, basta clicar neste link: Episódios 1 e 2

Resenha

Com os episódios 3 e 4, Murderbot começa a ampliar sua narrativa, explorando os limites de sua estética contida e de seu protagonista hesitante.  A série mantém seu tom cínico e introspectivo, porém agora explora dilemas morais e eleva o perigo da missão.  Como resultado, temos dois episódios que equilibram a tensão crescente com a introspecção emocional. 

Segurança emocional (ou a falta dela)

O terceiro episódio se concentra na descoberta de informações falsificadas sobre a área que os cientistas deveriam investigar.  A investigação de Murderbot o coloca em conflito tanto com drones autônomos hostis quanto com a incompetência — ou má-fé — da corporação encarregada da expedição.  Pela primeira vez, o episódio revela que existe um inimigo escondido agindo nos bastidores, aumentando a tensão da trama.

Por outro lado, o quarto episódio aprofunda mais o desenvolvimento das relações entre Murderbot e os humanos, particularmente com a Dra.  Mensah e a engenheira Ratthi.  A desconfiança recíproca é gradualmente substituída por empatia, apesar de o protagonista lutar contra isso a cada instante.  Um momento significativo acontece quando Ratthi tenta expressar gratidão a Murderbot por tê-lo salvado: a resposta desconfortável do androide é sutil e tragicômica, mesclando características humanas e alienígenas.

Reflexão sem sentimentalismo

Os roteiros de Chris e Paul Weitz seguem realizando um trabalho notável ao converter o monólogo interno do protagonista em linguagem audiovisual.  A narração (voice-over) nunca parece didática ou desleixada: ela demonstra a ambiguidade de um ser que compreende completamente o funcionamento de um campo de força, mas não sabe como reagir a um elogio.

A crítica social corporativa também começa a se manifestar de forma mais evidente.  A negligência constante das grandes corporações, a manipulação de informações e o desinteresse por vidas "descartáveis" ressoam como críticas sutis, porém necessárias.  Apesar de sua indiferença emocional, Murderbot acaba refletindo de forma ética e desconfortável o mundo em que vive.

Aspectos técnicos

Os efeitos permanecem discretos, porém eficazes.  As cenas externas em terreno alienígena são suficientemente realistas para não chamar atenção, mas ainda assim convincentes.  A trilha sonora permanece minimalista, e a direção utiliza planos fechados para destacar o desconforto emocional do protagonista, como se a câmera, assim como as pessoas, estivesse constantemente "perturbando" Murderbot.

O término do episódio 4 deixa um gancho tenso: o grupo encontra uma base completamente removida dos mapas e das comunicações oficiais.  Um sinal evidente de que há mais em jogo do que parece.

Veredito parcial

Os episódios 3 e 4 solidificam o ritmo da série, que aposta em construção lenta, humor ácido e conflitos morais silenciosos. Murderbot continua sendo um dos personagens mais intrigantes da ficção científica recente: não por sua força, mas por sua vulnerabilidade mal disfarçada. A série cresce sem pressa, e isso pode ser exatamente o que ela precisa.

Destaques: Desenvolvimento do mistério central, expansão do mundo, relações interpessoais.

Atenção: Pode parecer “quieta demais” para quem busca ação contínua, mas é um mérito — não uma falha.

Ficha Técnica – Murderbot (2025)

. Gênero: Ficção científica, drama, ação, humor ácido
. Temporada: 1
. Episódios: 10 (cerca de 22–29 minutos cada)
. Lançamento: 16 de maio de 2025 (Apple TV+)
. Criadores / Roteiristas: Chris Weitz e Paul Weitz

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