Olá, antes de mais nada, tem resenha dos episódios anteriores, basta clicar nestes links.
Resenha
Chegamos ao fim da primeira temporada e Murderbot oferece um desfecho preciso, contido e profundamente emocional. A série reafirma sua proposta de maneira simples, sem exageros ou sentimentalismo: examinar as tensões entre autonomia e obediência, identidade e função, vínculo e aversão — tudo sob o olhar sarcástico de uma IA que apenas desejava tranquilidade para assistir às suas novelas espaciais.
Nestes episódios, Murderbot enfrenta uma escolha crucial: acompanhar os humanos que o respeitaram ou escapar para assegurar sua liberdade. A série aborda o dilema de forma sutil, evitando soluções simplistas. Há um ataque orquestrado pela corporação, expondo a verdadeira extensão do sistema opressor — e Murderbot é compelido a agir com brutalidade, porém também com consciência.
Com o grupo machucado e afastado, Murderbot tem que enfrentar a pressão psicológica da responsabilidade. Não se trata apenas de proteger os humanos, mas do que fazer com o seu reconhecimento.
A conexão com a Dra. Mensah chega ao auge: ela o trata como "pessoa", e o desconforto de Murderbot é tão profundo quanto em qualquer confronto físico. Skarsgård comanda a cena apenas com olhares, hesitações e uma voz que vibra sem jamais aumentar o tom. O episódio conclui com uma transmissão interceptada: a corporação conhece a localização deles. O prazo expirou.
O episódio final é, simultaneamente, contido e catártico. Há ação — um ataque final tenso e cuidadosamente coreografado — porém o verdadeiro clímax é de natureza emocional. Murderbot decide se entregar para proteger os outros, porém o grupo se recusa a abandoná-lo. A tensão da narrativa é resolvida por meio de um gesto simples: a confiança.
Ao invés de um sacrifício dramático, há uma solução ética: Mensah aceita os riscos políticos, enquanto Murderbot é reconhecido em sua autonomia como um acordo, e não como uma exceção.
Murderbot fecha sua primeira temporada com excelência narrativa, coerência visual e uma rara profundidade emocional. Não é uma série sobre explosões ou viradas mirabolantes, mas sobre o silêncio entre ordens e escolhas. O humor continua afiado, e a crítica ao controle corporativo nunca soa panfletária.
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