Cinema: Superman

. Resenha crítica do filme Superman (2025)
. Por Arthur Vieira

Ficha Técnica

Direção: James Gunn
Roteiro James Gunn
Elenco: David Corenswet, Rachel Brosnahan, Nathan Fillion
Gênero: Ação, Aventura, Super-herói

O novo Superman, previsto para 2025 sob a direção de James Gunn, vai além de ser um espetáculo visual ou uma reinterpretação do herói mais icônico dos quadrinhos.  Acima de tudo, é um triunfo narrativo.  Em um cenário repleto de filmes de super-heróis, o roteiro se sobressai pela sua sólida estrutura, profundidade temática e raro equilíbrio tonal.  É a escrita que dá vida ao filme — e, neste caso, ela vibra intensamente.

Desde os primeiros momentos, a história foge do clichê da origem, apostando na familiaridade do público com o mito do Superman.  Em vez disso, Gunn, que também é responsável pelo roteiro, mergulha diretamente em um universo onde o Homem de Aço já é conhecido — e onde ele ainda precisa descobrir seu lugar.  Esse ponto de partida possibilita uma exploração aprofundada tanto do personagem principal quanto da estrutura ética e política de sua atuação.  Clark Kent não é retratado como uma figura onipotente e incontestável, mas como alguém que está constantemente enfrentando escolhas morais complexas, sob pressão de forças sociais, midiáticas e institucionais.


O roteiro se sobressai por tratar dessas tensões de maneira inteligente, sem comprometer a fluidez da narrativa.  Por exemplo, a investigação jornalística de Lois Lane não apenas conduz a trama, mas reflete os temas centrais da história: verdade, confiança e o poder das palavras.  A conexão entre ela e Clark é desenvolvida de forma leve e sincera, sustentada por diálogos perspicazes que desvendam as camadas de ambos os personagens.

Também há mérito na maneira como os personagens secundários são empregados.  Em vez de serem apenas easter eggs ou elementos acessórios da narrativa, outros personagens, como o Senhor Incrível, têm suas próprias pequenas jornadas, integradas de forma precisa à trama principal.  O roteiro consegue integrar essas presenças de forma orgânica, sem desviar o foco do Superman.  Isso é incomum em filmes de universos compartilhados, que frequentemente caem na armadilha do excesso de personagens e subtramas sem conexão.


Outro aspecto notável é o ritmo: o filme transita com segurança entre momentos de introspecção e cenas de ação, sempre com um objetivo narrativo bem definido.  Nenhuma ação é gratuita; cada confronto traz consigo consequências emocionais ou políticas.  Até mesmo elementos que poderiam parecer infantis, como a presença de Krypto, o Supercão, são incorporados de forma orgânica, contribuindo para um subtexto emocional genuíno que se esquiva do cinismo sem cair na pieguice.

No meio de tudo isso, há um Superman que ganha uma nova vida por meio da escrita.  Ele não só salva pessoas — ele escuta, hesita, questiona e, mesmo assim, opta por fazer o que é certo.  O roteiro de James Gunn reconhece que a verdadeira força do personagem não reside em sua potência física, mas em sua escolha moral contínua.  E esse entendimento orienta toda a obra, levando a uma narrativa com ressonância simbólica, importância atual e apelo universal.

Em resumo, Superman (2025) é um filme cuja maior força está em seu roteiro — um roteiro que respeita o espectador, honra o personagem e, acima de tudo, acredita no poder de uma boa história bem contada.

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