Um herói envelhecido, mas ainda necessário
A história ocorre anos depois das famosas batalhas. Tommy está aposentado, casado com Kat e levando uma vida tranquila fora dos holofotes da Patrulha SPD. No entanto, o sumiço de seu filho, JJ, o força a retomar velhas identidades e revisitar partes de um passado que ele nunca abandonou. É nesse ponto que a HQ se destaca: ela converte um personagem perpetuamente jovem e cheio de energia em um homem marcado pelo tempo, pelas perdas e pelas responsabilidades da paternidade.
A construção de Tommy como um "Old Man Ranger" é realizada de maneira sensível. Embora já não possua o mesmo vigor, ele traz consigo a sabedoria de quem foi vários — Ranger Verde, Branco, Zeo, Turbo e Preto. Em vez de apenas relembrar as batalhas do passado, a HQ retrata um homem tentando entender o que é ser um herói após o fim da fama.
Arte e atmosfera
O estilo de Giuseppe Cafaro se alinha à abordagem mais séria da narrativa. As expressões faciais são bem desenvolvidas e as cenas de ação, apesar de breves, são bem coreografadas. Os momentos de flashback se destacam por equilibrar a reverência ao passado com uma estética contemporânea. Outro trunfo é a colorização de Marcelo Costa: tons mais escuros, azuis e metálicos contribuem para criar uma atmosfera de melancolia e amadurecimento, alinhada com a trajetória de Tommy.
Roteiro: entre homenagem e previsibilidade
Kyle Higgins, que já havia realizado trabalhos notáveis com os Power Rangers nos quadrinhos, tem um profundo conhecimento do universo e faz uma homenagem sincera ao personagem Tommy. No entanto, embora a trama seja previsível, a emoção e o afeto são evidentes. Há um enigma relacionado a JJ, uma revelação significativa, aliados já conhecidos que voltam e um clímax que reforça os valores tradicionais da franquia: bravura, sacrifício e amizade.
Para os fãs da série, isso não representará um obstáculo. Por outro lado, a estrutura clássica contribui para o apelo. No entanto, para leitores que procuram algo mais audacioso ou inovador, Alma do Dragão pode parecer uma oportunidade perdida de abordar temas mais complexos — como envelhecimento, luto e transmissão de legado — com maior profundidade e intensidade dramática.
Um tributo a Jason David Frank
A HQ se torna ainda mais significativa como uma homenagem póstuma a Jason David Frank, que esteve envolvido no desenvolvimento da obra antes de falecer. Ler "Alma do Dragão" hoje é como presenciar um ato final silencioso de despedida. A história não só conclui a trajetória de Tommy, como também celebra de maneira definitiva e emocionante a influência de Frank na cultura pop.
Veredito final
Power Rangers: Alma do Dragão é uma história em quadrinhos consistente, com uma abordagem emocional eficaz e que respeita sua origem. Não transforma a franquia, mas proporciona um desfecho digno para um de seus principais ícones. É personalizada para os fãs de longa data, especialmente aqueles que acompanharam Tommy Oliver ao longo dos anos e querem vê-lo além do Ranger mais poderoso de todos os tempos: como um homem, um pai e uma lenda.
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